O projeto “Palcos Amefricanos RS – Circulação Sopaporiki e Girafa da Cerquinha” tem programação para circular por 12 cidades gaúchas atingidas pela tragédia climática de maio de 2024 – incluindo Cachoeira do Sul – com apresentações gratuitas seguidas de oficinas para crianças e adultos tendo como centro das atenções e elo entre os dois espetáculos cênico-musicais, o Tambor Sopapo contribuindo para a valorização do patrimônio cultural e a contribuição do povo negro para a construção da identidade cultural do Rio Grande do Sul.
Com performance do poeta e músico Richard Serraria e direção de Leandro Silva, o projeto ainda prevê a produção de um videodocumentário e um blog de processo para o registro das experiências em cada cidade visitada.
Para abordar a programação, o artista foi entrevistado nesta quinta-feira (5) no programa Conexão 99 – da Rádio Vale FM 99.1. Confira:
Sobre os espetáculos:
SOPAPORIKI trata-se de um espetáculo musical tambor centrado, criado e performado por Richard Serraria com direção cênica de Leandro Silva, em que a presença do Sopapo, instrumento musical e também artefato político ligado ao povo negro do Rio Grande do Sul, costura a narrativa, exigindo adequação do performer e poeta às diferentes linguagens artísticas mobilizadas para a materialização do espetáculo.
Com seu conteúdo amefricano, afirma a potência das epistemologias negras no Brasil atual, num acúmulo de pesquisas e atuações em torno do tambor de sopapo e a contribuição negra na literatura e na música, ou ainda junto ao encontro com a poesia dos orikis da matriz iorubá da África. Em 2020 nasceu o livro Sopaporiki , em que o eu lírico é o tambor sopapo que conta e canta a trajetória dos 12 orixás do Batuque de Nação Oyó Idjexá e o surgimento da cosmogonia iorubá no Rio Grande do Sul e Bacia do Prata, base do espetáculo musical homônimo criado e estreado em 2022. A obra já integrou, desde então, importantes eventos, como a FILIGRAM 2022 (Gramado), o Sarau do Solar 2022 (Porto Alegre) e o 29º Festival Porto Alegre em Cena, em 2023 (Porto Alegre).
GIRAFA DA CERQUINHA é um reconto de uma história entoada originalmente pela mestra griô Sirley Amaro. Conta a fábula da girafa, animal que teria vindo da África em um navio e que escolhe ir para Pelotas no bairro da Cerquinha, cidade em que havia um carnaval burlesco com nomes de bichos. Uma recontação de história infantil com o tambor sopapo sendo tocado de maneira continuada envolvendo a criançada em uma vivência lúdica com as batidas características do grande tambor negro gaúcho (Ijexá, Adarun, Aré do Bará, Congadas RS, Samba Cabobu, Candombe uruguaio gaúcho e Milongón).
Cada batida negra sonoriza um nome de bicho, personagens da narrativa. O projeto contempla ainda a apresentação de um Caderno de Situações Didáticas disponibilizado na internet através do Link.tree para livre o docente, visando a implementação da Lei 11.645/2008, que trata da abordagem de conteúdos afro-brasileiros e originários.
A circulação iniciou nesta quinta-feira (5), em Cachoeira do Sul, seguindo para Rio Pardo com a produção local e gestão das redes sociais da Produtora e Relações Públicas Náthaly Weber (Saia Rodada Comunica) e apoio da líder quilombola Joelita David em Rio Pardo com a seguinte programação:
Dia 5 de junho, em Cachoeira do Sul
15 horas – Apresentação Girafa da Cerquinha e oficina tamboralituras
Capela de Nossa Senhora dos Navegantes (Rua José Marcelino de Carvalho – Carvalho)
Apoio Emef Dora Abreu
Entrada Gratuita / Classificação Indicativa: Livre
20 horas – Apresentação SOPAPORIKI e oficina tamboralituras
Terreiro Reino de Oxum um e Ossanha (R. Silvio Scopel, 569 – Centro)
Entrada Gratuita / Classificação Indicativa: Livre
Dia 6 de junho, em Rio Pardo
14 horas – Apresentação Girafa da Cerquinha e oficina tamboralituras
Pavilhão da Igreja Imaculada Conceição/ Arroio das Pedras/ Quilombo Rincão dos Negros
Entrada Gratuita / Classificação Indicativa: Livre
16 horas – Apresentação SOPAPORIKI e oficina tamboralituras
Pavilhão da Igreja Imaculada Conceição/ Arroio das Pedras/ Quilombo Rincão dos Negros
Entrada Gratuita / Classificação Indicativa: Livre
Sobre o artista:
Richard Serraria é fundador e diretor da empresa cultural Tarrafa. Graduado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre e doutor desde 2017 em Literatura Brasileira pela mesma universidade, ex-professor universitário e agitador cultural na cena de Porto Alegre. Com a banda Bataclã FC, ganhou quatro Prêmios Açorianos de Música, o prêmio mais importante da música gaúcha: Melhor grupo pop rock em 2001 e 2002 e Melhor Compositor pop rock em 2002 e 2006.
Em 2005 e 2006, ganhou o prêmio de melhor letrista no Festival de Música de Porto Alegre. Em 2009, dividiu o prêmio de melhor letrista do Prêmio Uirapuru de Música Brasileira com Tom Zé. Em 2011, ganhou o Prêmio Açorianos de Música como Melhor Arranjador MPB em virtude do disco Pampa Esquema Novo.
Já em 2018, ganhou o Prêmio Açorianos de Música como Melhor Arranjador MPB, Melhor Compositor MPB e Melhor Projeto Gráfico pelo disco Mais Tambor Menos Motor. Autor do premiado livro Sopaporiki (2020) e do espetáculo homônimo, integrante da Programação do 29ª Edição do Festival Internacional Porto Alegre em Cena (POA em Cena), em 2023.
Vencedor do Kikito em Gramado 2021 pela trilha sonora do filme Cavalo de Santo. Criador da contação de histórias Girafa da Cerquinha – Cênico Musical, baseada em obra autoral de Mestra Griô Sirley Amaro.
Ficha técnica do projeto:
Richard Serraria – performer e coordenador-geral
Leandro Silva – direção cênica
Tuti Rodrigues – desenho de som e vídeo maker
Náthaly Weber – assessoria de Comunicação e redes sociais
Studio Visto – designer
O projeto “Palcos Amefricanos RS – Circulação Sopaporiki e Girafa da Cerquinha” está sendo realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, através do Edital SEDAC nº 26/2024 – ARTES CÊNICAS.
Apoiadores locais
Cachoeira do Sul
Emef Dora Abreu
Terreiro Reino de Oxum um e Ossanha
Projeto Social Navegar
ERS – Sindicato
Dulce Fuego Pub bar
Rio Pardo
Quilombo Rincão dos Negros
